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O Prêmio Nobel da Paz e a importância dos movimentos contra a fome no ES

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Fonte: ES Hoje

Os movimentos que lutam contra a fome no Brasil tiveram grande conquista e reconhecimento na última sexta-feira (9). O Prêmio Nobel da Paz 2020 foi concedido ao Programa Mundial de Alimentos, que atua em áreas de conflitos onde há mais pessoas com riscos de desnutrição e combate a fome no mundo.
 

A fome no Brasil, inclusive no Espirito Santo, traz um debate entre políticas públicas, movimentos sociais e o estado de vulnerabilidade que parte da população vem enfrentando. Em 2014 foi comemorada a saída do Brasil do mapa da fome da ONU. Uma conquista que foi permeada de objetivos em prol da queda dos números de insegurança alimentar, mas que não foi sustentada ao passar dos anos.
 

Segundo dados comparativos do IBGE, a fome de leve a grave foi de 22,6 em 2013, para 36,7 em 2017-2018, tornando novamente o Brasil alvo de preocupação. O norte do país foi o mais afetado com essa crescente, indo de 36,1% em 2013 para 57%. Só no sudeste, a população em estado de vulnerabilidade alimentar foi de 14,5% para 31,2%. Os dados são comparativos entre a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004/2013 e a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018.
 

O movimento Ação Cidadania, considerado o braço operacional do Programa Mundial de Alimentos no Brasil, que luta contra a fome, a miséria e busca melhor qualidade de vida para pessoas em situação de vulnerabilidade, é dividido em Comitês e possui uma representação especial no Espirito Santo.
 

Para o comitê do Espirito Santo, o prêmio Nobel para uma organização que luta pelo fim da fome é importante para a mobilização e compreensão do problema no estado e no Brasil. “Compreendemos que a referência internacional nessa narrativa é um importante passo para a conscientização de uma parcela da população, que ainda despreza o fato de que um seguimento da população brasileira atravessa grave situação de insegurança alimentar”, declaram.
 

Levando em consideração a situação pandêmica atual e as políticas públicas vigentes, o presidente do Conselho da Ação da Cidadania, Daniel Souza, diz que a vulnerabilidade no Brasil só tende a aumentar:
 

“Se essas pessoas não tem o que comer, é porque não tem acesso a educação, a segurança e ao lazer. Os dados estão ai e mostram a importância de colocar a fome como uma questão central, que precisa ser tratada e enfrentada. Não podemos simplesmente ficar negando a existência da fome, como temos visto ao longo desses dois anos a falta de preocupação e o desmonte de políticas públicas que se iniciou o com a extinção dos conselhos alimentares”, afirma.
 

Ação Cidadania
 

No país, o movimento Ação Cidadania é considerado o braço operacional do Programa Mundial de Alimentos. O projeto surgiu em 1993, pelo sociólogo Herbert de Souza, conhecido como Betinho, com o objetivo de ser uma reação aos números da fome no Brasil naquele ano. Em meio a uma Sociedade fragilizada, foi feito uma grande mobilização de conscientização para cobrar politicas públicas que acabassem com a fome.
 

Atualmente, com o objetivo de ajudar pessoas em todo o Brasil, A Ação Cidadania está presente em 19 estados do Brasil e no Distrito Federal. O comitê do Espirito santo recebe orientações gerais que partem, principalmente, da coordenação nacional, localizada no Rio de Janeiro, porém possue autonomia para desenvolver ações personalizadas de acordo com a necessidade da região.
 

Aqui no estado, a organização é gerida pelo Instituto Nordeste de Cidadania- Inec, que engloba a região norte, e já contemplou mais de 2500 famílias capixabas com cestas básicas e kits de limpeza, somente no inicio ano através de uma campanha realizada pelo fim do coronavírus.
 

A Campanha contra o coronavírus ocorreu durante a pandemia, com o objetivo de ajudar brasileiros que tiveram dificuldades econômicas, o grupo promoveu a campanha Ação Contra o Corona e contou com grande participação da população e entidades, arrecadando de Março a Setembro cerca de 7 toneladas de alimentos em todo o Brasil. Os recursos e produtos beneficiaram mais de 2 milhões de pessoas.
 

Para Daniel, os movimentos contra a fome produzem uma resposta imediata, e somente com políticas públicas a fome irá acabar. “Não produzimos ações que ira acabar com a fome. O alimento arrecadado é emergencial e só ajuda no que a pessoa irá comer amanhã. Nós temos o papel de cobrar o poder público, para politicas públicas que acabem com a miséria no país”, explica.
 

Natal sem fome
 

No dia 18 de Outubro será lançado mais uma edição da maior campanha contra a fome da América latina. Desde 1994, a ação Natal sem fome, desenvolvida pelo Ação Cidadania, ajudou cerca de 20 milhões de pessoas em todo o Brasil.
 

No Espírito Santo a ação será coordenada pelo o comitê sob responsabilidade do Inec, que atende regionalmente o norte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A expectativa para esse ano é de arrecadar 7935kg de alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade nesses estados.