Fonte: UOL
Filho do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que em 1993 montou a Ação da Cidadania para ajudar brasileiros abaixo da linha da pobreza, Daniel Souza vê com preocupação a situação atual do Brasil e aponta para um cenário ainda mais grave com o fim do auxílio emergencial.
"Se agora a gente já tem mais de 50 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, que já são números assustadores, o fim do auxílio emergencial vai levar o país para um nível de miséria e pobreza que a gente nunca viu", afirmou à coluna Souza, que é presidente do Conselho da ONG Ação da Cidadania.
Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que caso o país tenha uma segunda onda de covid é "certeza" de que o auxílio será prorrogado. Na equipe econômica, porém, há resistência com a medida, já que o país está extremamente endividado.
"Nós só saberemos os reais números de 2020 daqui a dois ou três, mas hoje nós já ultrapassamos a marca de 100 milhões de brasileiros com algum nível de insegurança alimentar", diz Souza. "Independente de termos ou não a segunda onda o benefício deveria continuar", completou.
Natal Sem fome Depois de passar mais de dez anos sem a campanha de mobilização para a doação de alimentos para pessoas mais carentes, A Ação da Cidadania retomou em 2017 a campanha Natal sem Fome.
Souza diz que a necessidade de retomar a campanha em 2017 foi sentida após retrocessos nas políticas do governo, que trouxeram um horizonte ruim para o país. "O Brasil já voltou ao Mapa da Fome, ainda não se pode atestar isso oficialmente, pois os números demandam tempo para serem apurados, mas esse dado infelizmente virá daqui a pouco tempo", diz.
"Bolsonaro age como um governante negacionista, ou seja, não admite a realidade que ele não concorda ou não quer concordar. Foi assim agora ao chamar o povo de maricas e em relação à fome ele não é diferente".