Fonte: Correio do Povo
As cestas de alimentos foram distribuídas para pessoas previamente cadastradas. As crianças, um total 63, receberam doces e brinquedos. A iniciativa "Natal Sem Fome" foi realizada pelo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul (Consea/RS), em parceria com a Cáritas Brasileira e a Ação da Cidadania.
O presidente do Consea/RS, Juliano de Sá, disse que entre os meses de outubro a dezembro em função da pandemia do coronavírus foram entregues mais de 38 toneladas de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade social. "A campanha envolveu empresas e o Movimento dos Trabalhadores Rurais que doaram 12 toneladas de alimentos sem agrotóxico", destacou.
Segundo Sá, o trabalho começou quando do início da pandemia através do Comitê Gaúcho de Combate à Fome que congrega diversas entidades. "A distribuição de alimentos terá continuidade no próximo para diversas famílias em situação de extrema pobreza", ressaltou.
Segundo Melissa Bargmann, da Ação da Cidadania, a iniciativa de combate a fome começou em 1993 com Herbert de Souza, o Betinho, e desde daquele ano são feitas articulações para tentar organizar políticas públicas para segurança alimentar e garantia do direito humano a alimentação. O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, fundou o Ibase em 1980 e, na década de 1990, tornou-se símbolo de cidadania no Brasil ao liderar a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, conhecida popularmente como a campanha contra a fome.
"Infelizmente, hoje ainda precisamos fazer esse tipo de ação em comunidades que são extremamente pobres. Muitas famílias necessitadas e precisando de alimentos", ressaltou.
Melissa Bargmann disse que o lema da ação é "Quem tem Fome tem Pressa" e que durante a pandemia a comunidade Povo Sem medo foi ajudada pelas entidades com a distribuição de alimentos. A líder comunitária Janaína da Silva Oliveira, da ocupação urbana Povo Sem Medo, disse que os moradores vivem no local há três anos provenientes de cidades da Região Metropolitana (Guaíba e Eldorado do Sul) e de outros bairros de Porto Alegre (Lomba do Pinheiro e Alvorada).
"Somos totalmente desassistidos pelo estado. Não temos saneamento, posto de saúde e creche para as crianças", acrescentou.
Conforme ela, as famílias vivem da coleta de materiais nas ruas de Porto Alegre e saem cedo para trabalhar e trazer comida para quem fica nas casas de madeira em meio ao lixo e a completa falta de estrutura. Segundo ela, a comunidade é composta por idosos, doentes crônicos e pessoas que fazem hemodiálise.
"Neste momento de pandemia, vivemos exclusivamente das doações porque a maioria está sem emprego.